sábado, 23 de agosto de 2008

15 segundos

Era sempre a mesma história: saía de casa correndo assim que ouvia o barulho da porta ao lado abrindo. Fingia que precisava descer para ver a correspondência, para sair, não importa. Tudo para ficar durante os 15 segundos - 15 preciosos segundos! - que levava para descer os 10 andares na companhia dela.
Ela. Aquela que não tinha nome, mas que ele sabia onde morava - eram vizinhos, afinal -, trabalhava e até a hora que saía de casa. Aquela que o tirou do chão, mesmo sem ter trocado mais do que algumas palavras durante estes vários 15 segundos.



Eu me ensaio, mas nada sai
O seu rosto me distrai
E, como um raio,
eu encubro , eu disfarço
eu camuflo, eu desfaço
Eu respiro bem fundo
Hoje digo pro mundo
Mudei rosto e imagem
Mas você me sorriu
Lá se foi minha coragem
Você me inibiu

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Agonia

Já não existe mais festa: as luzes apagaram, todos os teus amigos foram embora. E você está sozinha, Dora. Você, que teve todas as chances de um final feliz, jogou isto fora por causa de sua indecisão, de sua passividade, sua superficialidade. Ele já não te quer mais, Dora.
A festa acabou: você jogou fora todas as suas chances. Não existe mais nem um mínimo resquício de todo aquele sentimento. Você já não tem mais com quem contar. Acabou.
O que te levou a jogar fora tudo o que existia? Tudo o que você precisava, Dora, era lutar por aquilo que você queria. Mas era pedir demais pra você! Você não sabe sentir.

Você só colheu o que plantou. Agora fique com a sua solidão, Dora. Eugênio não aguenta mais tanto abandono.