domingo, 21 de dezembro de 2008

E, se puder, sem medo

Já faz um tempo, eu consegui me livrar dos nós que me prendiam a você. De uma vez por todas, para nunca mais voltar. Você, Dora, não mais existe em minha vida. Seu nome, só me traz uma vaga lembrança de um momento distante da minha vida. Você não faz mais parte de mim.
Todas as cartas, de amor e de ódio, eu rasguei. Tudo o que tinha o seu nome, seu cheiro, seu rosto já não existe mais. Todas as feridas que você me deixou já cicatrizaram. Você é só o passado.

Agora eu tenho outra pessoa em minha vida, Dora. Aceite isso e siga a sua vida também. Sem mim.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ainda Mais Perfeito

Alta madrugada. A cidade inteira dorme enquanto eu não consigo sequer fechar os olhos. As ruas, onde mais nenhum carro passa, estão cada vez mais silenciosas. O tic-tac do relógio, no meio deste silêncio todo, é como um som insurdecedor, perturbando ainda mais o meu não-sono. E o pensamento em você. Você, a causa dos meus sonhos e das minhas noites insones. Você que não está aqui comigo agora.
Lembro de cada frase sua, cada expressão do seu rosto, cada movimento do seu corpo. Sua voz continua em minha mente o tempo todo, me dizendo que logo a gente se vê mais uma vez. E eu invento toda a cena em minha mente.
Todos os beijos que eu te darei. Todos os abraços em que eu vou te prender. Todas as frases apaixonadas que eu te direi. Todos os seus sorrisos, seus movimentos, seus olhares. Eu planejo tudo, para que tudo seja o mais perfeito quando você estiver aqui comigo.
Eu planejo tudo, mesmo sabendo que quando eu ver você, todos estes planos vão por água abaixo. Quando você estiver aqui, vou me perder em teus olhos verdes, em teu sorriso e na sua voz. Vou me perder em você e nada será como eu planejei. Mas mesmo assim, vai ser ainda mais perfeito.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sem cor ou poesia

Cada segundo sem ver o rosto dela era como uma eternidade. Não ouvir a respiração dela fazia com que a sua vida perdesse o sentido. Não conseguia mais suportar a ausência dela.
A cada minuto sem notícias, seu peito se aperta mais e mais até vê-la com aquele sorriso que seria capaz de derreter tudo o que há de errado no seu mundo.
Sem ela por perto, seu mundo perdia a cor e a poesia. Sem ela, não era capaz de escrever uma linha sequer.


Não estejas longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.
[Pablo Neruda - XLV]