domingo, 25 de janeiro de 2009

Retrovisor

Ter que ir embora e te deixar é sempre a pior parte. Olhar pelo retrovisor e te ver, ali, parada no meio da rua com lágrimas nos olhos, me vendo sumir no horizonte me faz querer ficar para sempre. Mas já não posso ficar: o meu lugar não é mais ao seu lado.
Uma distância gigantesca se abre entre nós dois agora. Uma distância que sempre existiu mas que nós dois sempre tentamos esconder - dos outros e de nós mesmos. E agora esta distância ficou maior do que nós dois, como se vivêssemos em mundos diferentes. E foi você quem quis assim.
Foi você quem quis manter esta distância segura, como um abraço curto. Sempre foi você que, com este seu medo de se entregar, construiu este muro entre os nossos lábios.
E agora a ponte caiu, a porta fechou, a voz se calou.


"...é sempre mais difícil dizer adeus
quando não há nada mais pra se dizer..."

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Eco de Antigas Palavras

Como é que eu posso ir embora agora? Se para onde quer que eu olhe é você que eu vejo, como posso ficar longe? Se os meus olhos agora são teus e te seguem para onde for, como vou fazer quando não puder mais te ver?
Como, se ainda sinto o seu corpo sob o meu e a sua boca na minha? Se ainda carrego comigo as marcas da noite passada, como posso te esquecer? Se os meus braços ainda enlaçam a tua cintura, me diga como posso sair.
Se você deixou as tuas coisas aqui em casa, como não esperar que você volte? Como não olhar para a porta, esperando te ver abri-la, com um sorriso nos lábios? Como não querer te ouvir dizer que tudo voltou ao que era antes?

Como, se ainda sinto a tua presença aqui?


"Se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair"