quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Silêncio

"Ela não está aqui" - dizia o pensamento que não saía da sua cabeça aquela noite. Helena, que desde o dia em que a conhecera, esteve sempre ao seu lado, não estava ali. Ela ia voltar, claro - os dois sabiam que iriam viver juntos por muito tempo -, mas sentia a ausência dela corroendo a sua paz.

...

Aquela noite, Eugênio chegou em casa e escutou o silêncio por algum tempo, na esperança de ouvir a voz, o barulho do chuveiro ou do secador de cabelos - qualquer coisa que indicasse a presença dela. Mas nada, silêncio absoluto: ela já tinha saído. Conseguiu, só naquele momento, sentir como ela faz parte da sua vida.
Aquele apartamento pequeno parecia gigante naquela noite. Helena sabia ocupar cada canto daquela casa com a sua alegria, sua voz, seu corpo. Agora, tudo o que Eugênio tinha aquela noite era silêncio, tédio, vazio...
Pela janela, olhava o céu preto, vazio, sem estrelas daquela noite fria. Já era tarde, todas as outras janelas que via já estavam apagadas. Todos os muitos livros da sua estante não podiam lhe dizer nada que aplacasse aquela solidão que sentia. Só podia esperar ela voltar.

Barulho de chaves na porta da frente. Seu coração, aos pulos, lhe dizia que aquela tortura chegara ao fim. Viu de novo aqueles cabelos loiros, aqueles olhos verdes. Toda a tristeza daquela noite foi embora pela fresta da porta. Para nunca mais voltar.

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