segunda-feira, 23 de junho de 2008

5 minutos, talvez

Já sentia que não podia mais viver sem ela: acordava procurando ela ao seu lado, dormia pensando em tê-la em seus braços.
Quando longe, seu peito parecia-lhe apertado, misturava-lhe uma falta de ar com uma sensação que explodiria se não a visse logo. Quando perto, não sabia como mostrar para ela tudo o que sentia.
Seu peito parecia-lhe pesar assim que ela saía de sua vista, assim que não podia mais sentir o cheiro dela. Seu peito só se acalmava quando voltava a vê-la.



Não estejas longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.
[Pablo Neruda - XLV]

Nenhum comentário:

Postar um comentário