sexta-feira, 4 de abril de 2008

Procul ex oculis, procul ex mente

Ele não sabia se o que sentia por ela era amor ainda ou se, nas tantas idas e vindas, tudo o que buscara era, além do espectro do amor que passou, uma necessidade de atenção e, por que não?, sexo a hora que quisesse. Foram tantas voltas em que a certeza que sentira de que ainda a amava ia se desfazendo em vergonha, apatia e cansaço. Sentia vergonha de recorrer à mesma pessoa que jurara não querer mais ver sempre que se sentia sozinho ou quando sofria alguma desilusão.
Enquanto a esperava, todas as vezes que a encontrara, sentia-se humilhado e pensava em dar um basta e seguir por um caminho novo, nem que fosse sozinho. Mas a carência e as suas necessidades eram maiores e a segurança bamba de uma relação como esta o impulsionava a ficar, até que, algumas horas depois, a sua carência dava lugar ao desgosto e à vergonha de ter feito o que sabia ser insalubre.
Às vezes conhecia outras pessoas, mas nunca por muito tempo. Estava amarrado àquela relação motivada por carência como um barco está preso pela sua âncora. Por mais que soprem os ventos, suas velas são ínuteis. Como é inútil o seu coração.
Um vento mais forte pode fazer com que o barco arrebente a corda que o prende à sua âncora. Ou destruir as suas velas.

Tudo o que ele queria é que estas brisas que passam pela sua vida se transformassem em ventos fortes. E que isso não demorasse.


"...que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..."

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